sexta-feira, 9 de março de 2012

Melhor que GPS. Pesquisadora cega propõe desenhar as cidades de acordo com os mapas criados por nossa mente

Caro leitor, 

A matéria que você lerá agora foi extraída da  Revista Galileu, nº 2481 – Março 2012.

ANDARILHA: Claudia Folska passeia pelas ruas de Denver, cidade em que vive nos EUA e pretende deixar mais navegável para todos
 
Em seu livro A Imagem da Cidade, publicado em 1959, o então professor do MIT Kevin Lynch disseminou a idéia e estudar as metrópoles por meio de chamados mapas cognitivos: representações mentais que fazemos de espaços por que circulamos. O método era pedir às pessoas que desenhassem um trajeto que percorriam diariamente marcando ruas e pontos de referência, apenas com o que lembravam na cabeça. Quanto mais registros a pessoa tivesse na memória, mais clara e navegável aquela cidade demonstraria ser.

É esta mesma lógica que a aluna de um doutorado duplo em planejamento urbano e ciência cognitiva na Universidade do Colorado, nos EUA, Cláudia Folska, 47 anos, usa em sua pesquisa. Sua proposta é descobrir como nossa mente fabrica seus mapas internos e planejar as cidades a partir disso. Deficiente visual desde os 5 anos de idades, Folska pediu a outras pessoas que não conseguem ver (e usam, mais que todos, seus mapas mentais ao se deslocar) para esboçar os trajetos que costumam fazer. Agora, a pesquisadora defende que as informações coletadas ajudem a desenhar cidades não só para os cegos. “Se fizermos melhorias as pessoas sem visão, combinadas com as que fizemos pelas pessoas com problemas de mobilidade, teremos um ambiente inclusivo para todo mundo se deslocar.”

O que Folska já descobriu é que essa cidade teria ruas estreitas e calçadas desobstruídas, sem grandes espaços vazios criando um vácuo na orientação em lugares assim, poderíamos caminhar tranquilamente, até olhos fechados.

Texto: Francine Lima


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